"Eu sou tudo em mim mesmo!"
Era dia dos pais, a bolsa não chegou a romper porque o parto foi cesariana. A família de três mães e uma pequenina prima-irmã misturava aflição e emoção nas vésperas de receberem a segunda cria da terceira geração.
Logo ele veio, chorão, muito chorão, careca, de bochechas grandes, muito branco e pesava mais de quatro quilos.
"- Joshua! Vai se chamar Joshua." Disse a mãe inundada de emoção pelo primogênito. Mais tarde a intrometida escrivã do cartório impediria Joshua que virou Josua e que virou Josuá.
O rebento manteve-se chorão, muito chorão, careca, de bochechas grandes e muito branco por muito tempo. Três anos passados, tinha cabelo castanho claro e não era mais gordinho apesar de que as bochechas ainda atraíam dedos sedentos por apertá-la. Na foto repleta de balões de festa, por trás da mesa do bolo e de pé em cima da cadeira, posava demonstrando quase que um veredicto: mão direita erguida como se dissesse: "Eu sou tudo em mim mesmo!".
Ao ingressar na escola, concluiu o pré-escolar sendo o aluno homenageado da formatura e entregou flores à diretora. Na Escola Estadual Arthur Bernardes foi crescendo e levava as aulas sempre em tom de comédia, seu jeito irônico era nato, mas ainda assim mantinha boas médias.
Envolvia-se nas promoções da escola, dançava quadrilha nas festas juninas de todos os anos mesmo sem gostar de foguete, bombinha, fogueira, milho verde, bandeirinhas, chapéu de palha, retalhos na roupa, mesmo sem gostar de dançar. Gostava mesmo de atuar. Descobriu o teatro e se dedicou o quanto pôde nas apresentações escolares de dia das mães, dos professores, do descobrimento do Brasil, etc. Não gostava e nem tampouco freqüentava as comemorações de dia dos pais, tinha motivos para comemorar em casa.
Na adolescência estudou na Escola Estadual Sebastião Dias Ferraz e manteve sua irreverência e ironia adicionadas à inteligência e bom gosto, que nem sempre quer dizer bom senso. Polêmico, sempre esteve envolvido nas reivindicações à direção do colégio, sempre liderou suas turmas com enfoque no que pensava, desde cedo tinha sua própria “linha editorial”. Extremado por professores, colegas da escola, do grupo de teatro que freqüentou até os 16 anos, dos companheiros voluntários do grupo que idealizou – o Exército Contra a Fome – fosse admirado ou odiado, era sempre extremamente admirado ou sempre extremamente odiado.
Começou a trabalhar cedo, aos onze anos em sua cidade natal, Tupaciguara (MG). Primeiro sobre sua bicicleta visitando clientes de uma empresária autônoma lembrando-os de quitar os seus débitos. Pelo serviço, lembrava a patroa de pagá-lo R$1 (um real) por promissória recebida. Depois foi trabalhar em loja de calçados chiques, a bicicleta ainda era o principal instrumento de trabalho, mas desta vez teve que adicionar um pouco de força para carregar sacolas gigantes lotadas por caixas de sapatos. Deixou as ruas e trabalhou em diversos escritórios, confessa que gosta muito mais deles do que das ruas. Trabalhou com padres, bispos, fazendeiros e até com políticos; mudou-se para Uberaba (MG) e trabalhou com engenheiros, técnicos em informática e até com advogados tributaristas.
Bebemorou a vida como ninguém. Apaixonou-se superficialmente uma vez, duas vezes, dez vezes e trinta vezes, mas amou poucas dessas vezes. Apaixonou-se profundamente uma vez e permanece assim. Fez amigos fraternos dentro do Movimento voluntário de LEO Clubes pelos quais daria a vida.
Neste Movimento fez-se homem, líder e cidadão. Tem com ele uma dívida impagável e orgulha-se em dirigi-lo institucionalmente e de ser referência nos níveis regionais e nacional.
Ainda criança, queriam saber o que ele seria quando crescesse e ele sempre respondia: “- Jornalista!”, achava que era a única forma de entrar na televisão que gostava tanto e conhecer a Xuxa, na verdade nem sabia o que era realmente o jornalismo. Hoje gosta menos de televisão e quase nada da Xuxa, mas ainda persiste em ser jornalista.
Comentários
Grande texto!
Parabéns.
Beijos,
Sarah, Mônica e Gabi