Feriado Santo

Fazer o Judas eu gostava. Ele tinha um momento alto na peça, o arrependimento. Um texto forte, um monólogo que eu esbravejava aos cantos da quadra coberta da Praça de Esportes Governador Bias Fortes, lá em Tupaciguara

Nunca passei um feriado como este. Sozinho. A vida de estudante que mora fora apronta dessas. Compromissos na cidade dos quais dependem o futuro dos projetos em andamento me impediram de sair pra qualquer lado. A parte que conforta é a de lembrar outros feriados santos como este da sexta-feira da Paixão.

Não consigo precisar o ano de cada um, mas esse feriado sempre foi movimentado. A princípio tinha aquelas reuniões gigantes dos primos na casa da avó, tios, tias, ovos de páscoa! Eu sempre voltava para casa com pelo menos uns cinco. Aí, chegava em casa e ganhava mais uns três. Ia comer chocolate pelos próximos dois meses.

A emoção de se abrir um ovo de páscoa é sempre mágica. Você sabe o que vai encontrar lá dentro mas quando desembrulha e surge aquele ovão, a princípio prateado, pelo papel laminado, e depois todo de chocolate, gosto mais dos brancos mas, fossem brancos ou fossem ao leite, era uma festa.

Anos se passaram, a casa da avó já não apetecia tanto. A quantidade de ovos que eu ganhava de presente diminuía assustadoramente, era a idade avançando não menos assustadoramente. Novos amigos, novas turmas, novas vibes. Eu passei a fazer parte da encenação da Paixão de Cristo de todos os anos. Já tinha um certo histórico de teatro, quase sempre ia assistir à peça, mas daquele ano em diante eu estaria na peça.

Os ensaios eram massa. Muita gente e uma produção bacana, o pessoal todo era da igreja e queriam muito ver aquilo ficar bonito, mesmo sendo o conceito de bonito um fumacê dos horrores após a crucificação do Cristo. A primeira vez que participei fiz um papel de pouca relevância na cena de maior relevância. Fui o mal-ladrão que foi crucificado ao lado do Cristo. O personagem blasfemava contra o Filho-do-Homem questionando o por que dele não usar seus poderes e salvar-se. Experiência interessante: eu, só de fraldinha, dependurado numa cruz na frente de centenas de pessoas.

Por mais duas outras sextas-feiras-santas participei da encenação, porém, fiz o Judas. Pois é, mal-ladrão, Judas e por aí vai – questão de personalidade [brincadeirinha, mãe!]. Fazer o Judas eu gostava. Ele tinha um momento alto na peça, o arrependimento. Um texto forte, um monólogo que eu esbravejava aos cantos da quadra coberta da Praça de Esportes Governador Bias Fortes, lá em Tupaciguara. As arquibancadas superlotavam, pessoas ficavam pelos corredores, na entrada, apertados entre si para assistir ao espetáculo. O momento do Judas era um orgasmo para mim. Só não fiz carreira com o Judas porque surgiu o LEO Clube. E todo Companheiro LEO que se preze é assíduo aos eventos ordinários do Distrito e do Distrito Múltiplo, sobretudo as Conferências, instância máxima de decisões. A Conferência do Distrito LEO LB-3 acontecia na maioria das vezes neste feriado, aliás, está acontecendo hoje em Ibiá-MG e eu também não pude ir.

A primeira Conferência nesse feriado que participei foi na cidade satélite do Gama-DF. Conheci a capital da República. Foi o máximo. Justamente na sexta-feira da Paixão quando me apaixonei sem precedentes por Brasília. Eu voltaria lá por inúmeras vezes. A sexta-santa do ano passado também foi memorável. Mais uma vez, Conferência de LEO, com uma diferença especial, foi a “minha” Conferência. Quero dizer, eu era o Presidente do Distrito e muitas emoções se misturam nesse momento. Um MEGA-evento realizado pelo LEO Clube de Uberaba. Esse ano me dedico aos estudos. Vai ser recompensado. Outras sextas-feiras-santas virão.

Comentários

Nossa Jota! Que bacana, a gente também não sabia que você tinha um blog!
Adoramos o texto, deu pra sentir a sua saudade de casa...
Que pena que você não fez Judas esse ano.... a Facul ta apertada né?
hasuahausha
Grande beijo,
Gabi, Mônica e Sarah
Fabio disse…
josuááááá ...
o fumacê continua o mesmo ... eheh

estava em tupa no feriado e fui assistir a encenação ...
a quadra pra variar lotaaaaaaaada, eu vendo os garotos só com um "paninho", e logo pensei: Como tinhamos coragem!?" ehehe

foi uma época "mara", e q soubemos aproveitar bem.

fiii, é estranho, mas tpc faz falta, nunca pensei q diria isso,
porém hj em dia eu assumo.

voltar eu ñ quero, mas sinto falta.

abraçuuuu