Aparecer agora fazendo charme com o dinheiro dos meus impostos dizendo que quer largar a política é o mesmo que tirar sarro da minha cara. Todos sabem como funciona o Congresso. Todos sabem que não funciona, na verdade. Pode até ser em níveis de entendimento diferentes, mas todos sabem da morosidade, da falta de interesse público e da canalhice que reina sob a cúpula côncava (e da convexa também é bom acrescentar).
Vai aparecer "desiludido" e ficar mais dois anos recebendo o pomposo salário que a Câmara dos Deputados o paga?
O direito do cidadão de disputar e vencer as eleições, mesmo baseado em vídeos de humor, é legítimo. Tanto é que o deputado Tiririca surpreendeu a muitos e foi apontado como "diferente" dos demais. O detalhe é que os "diferentes" no Congresso não devem se desiludir. Eles devem ser diferentes por trabalhar mais, por serem mais respeitosos com o erário público e por defender mais os interesses dos seus representados. Os "diferentes" no Congresso não podem se gabar de ter apresentado 15 projetos em dois anos. Os "diferentes" precisam ser ainda mais perseverantes. Lá são 513 e a imensa maioria quer apenas o poder e isso faz com que os "diferentes" sejam tão importantes.
É nesses "diferentes" que o povo em geral acaba colocando a sua atenção. De modo que qualquer ação deles, chama muito mais atenção do que a de outros deputados que não foram eleitos com o mesmo clamor ou com os mesmos milhões de votos de protesto. Os "diferentes" devem usar esse referencial a favor do país.
Se ainda assim sua Excelência quiser exibir a sua desilusão pelos tapetes verdes: renuncie! Não podemos garantir que o sucessor será melhor, mas também não somos obrigados a continuar assistindo a uma confissão de preguiça partindo de um funcionário desgostoso com o próprio emprego.
Era o que eu tinha a dizer, Excelência.
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