No próximo domingo (03) o Brasil entra em campo contra a Croácia e no dia 10 o jogo é contra a Áustria. Antes da bola rolar, o Time do Tas tentou entender como se dá a escolha dos adversários nos amistosos pré-Copa.
Pra ser campeão mundial é quase impossível não passar por uma grande e tradicional seleção de futebol. Não dá pra escolher o adversário. No nosso pentacampeonato em 2002, o Brasil enfrentou Inglaterra e Alemanha. Em 1994, tivemos que superar Holanda e Itália. Erguer a taça do mundo não é tarefa fácil, mas por que às vésperas da realização de mais um mundial, a escolha dos últimos adversários parece aliviar a barra dos jogadores e comissão técnica? Por que não escolher equipes que poderiam levar à última potência o nível de dificuldade da partida? Como se dá a escolha dos adversários nos amistosos pré-Copa?
Na reta final da preparação para a Copa desse ano a seleção brasileira vai enfrentar a Croácia e a Áustria, duas seleções sem grande expressão no futebol mundial. Além disso, a Áustria sequer se classificou para estar nos gramados russos.
A teoria do critério geográfico
Em março de 2018, o jornalista inglês Michael Cox – criador do site Zonal Marking que faz análises táticas do futebol mundial – publicou no Twitter uma thread com um levantamento dos principais amistosos pré-Copa na rodada de 28 de maio até o dia 12 de junho, dois dias antes da abertura da Copa. No levantamento, o jornalista observou que existe uma proximidade geográfica dos países enfrentados nos amistosos com as seleções presente na fase de grupo da Copa.
Amongst the best things about the World Cup build-up - countries choosing their friendly opponents based purely upon geographical proximity to their group stage opponents. So here's a group-by-group guide...— Michael Cox (@Zonal_Marking) 20 de março de 2018
“Uma das melhores coisas sobre a Copa do Mundo é a forma de escolha dos adversários nos amistosos baseada puramente na proximidade geográfica de seus adversários fase de grupos.” (tradução livre)
Em outras palavras, Áustria e Croácia estão geograficamente próximas de Suíça e Sérvia, que vêm a ser as seleções que enfrentarão o Brasil na fase de grupos. A escolha dos amistosos pré-Copa então seria feita levando em consideração o estilo e o preparo físico de “vizinhos” geográficos.
A teoria de Cox parece encontrar respaldo na comissão técnica da seleção. O coordenador Edu Gaspar em entrevista coletiva concedida em março desse ano, admitiu que a proximidade geográfica das seleções escolhidas para os amistosos com os países que estão entre nossos futuros adversários é levada em consideração. “Vamos jogar contra a Sérvia. Então seria interessante jogar com uma seleção próxima, assim como a Suíça”, disse Gaspar.
Os dois últimos amistosos antes da Copa prometem ser então uma simulação das partidas da primeira fase da competição. E a teoria não parece se confirmar apenas com o Brasil. Inspirado no levantamento de Michael Cox, o Time do Tas apresenta outros exemplos de como a proximidade territorial influencia na escolha dos amistosos pré-Copa.
Grupo A
A dona da casa está acompanhada de Egito, Uruguai e Arábia Saudita na chave. Na hora de escolher com quem vai jogar os últimos amistosos antes de abrir a maior competição do futebol mundial, a Rússia parece seguir o critério geográfico assim como os uruguaios. As duas seleções enfrentarão Turquia e Uzbequistão, respectivamente. São dois países geograficamente próximos ao Egito e Arábia Saudita.
Grupo B
O sorteio da FIFA colocou Irã, Marrocos, Portugal e Espanha juntos na primeira fase. O que obrigou essas seleções a buscarem o mapa-múndi mais próximo pra escolherem o adversário pelo estilo de futebol característico do continente de onde virão os obstáculos da Copa. A seleção do craque Cristiano Ronaldo escolheu a Tunísia, já enfrentou anteriormente o Irã e ainda pega a Espanha antes de estrear na Copa. Assim como o Marrocos, a Tunísia está localizada no norte da África.
Grupo C
França, Dinamarca, Peru e Austrália vão disputar entre si as duas vagas para a segunda fase do mundial da Rússia. A escolha dos últimos amistosos nessa chave também parece seguir o critério de proximidade geográfica. França e Peru vão enfrentar Irlanda e Escócia, países próximos à Dinamarca, que compõe o grupo. Essa mesma Dinamarca vai enfrentar – assim como o Peru – a Suécia. A França também escolheu a Suécia e enfrenta ainda os EUA. A Dinamarca joga contra o México. Não pode ser coincidência o fato de Peru, EUA e México estarem exatamente no futebol da América.
Exemplos infindáveis
A Islândia e Croácia escolheram enfrentar seleções africanas nos amistosos e, não por acaso, fazem parte do Grupo D junto com a Nigéria. Já a Costa Rica, na mesma chave do Brasil na Copa, escolheu três adversários para os amistosos finais, todas da Europa muito provavelmente considerando uma primeira fase do mundial onde vai enfrentar Suíça e Sérvia. Essa Sérvia, espertinha, que escolheu os nossos vizinhos chilenos para testar o entrosamento antes de estrear na Rússia.
No Grupo G formado por Bélgica, Inglaterra, Tunísia e Panamá, temos diversos casos curiosos. A Bélgica joga três amistosos e cada um deles é com uma seleção de um continente diferente: Portugal (europeu como a Inglaterra), Egito (africano como a Tunísia) e a Costa Rica (americana como o Panamá).
Por fim, no Grupo H, o Japão vai fazer três amistosos e as três seleções também são de diferentes continentes: Gana (africana como o Senegal), Suíça (europeia como a Polônia) e Paraguai (da América do Sul, como a Colômbia).
Histórico brasileiro
A seleção brasileira já disputou 32 amistosos pré-Copa, nenhum contra seleções campeãs mundiais. Perdemos apenas uma dessas partidas em 1990 para O Combinado Espanhol por 1 a zero.
As disputas de amistosos começaram na preparação para a Copa de 1950. O primeiro jogo da seleção foi contra a seleção gaúcha quando o Brasil venceu por 6 a 4. No total, a seleção canarinho enfrentou 12 seleções, dez clubes de futebol e dez combinados.;
Amistosos pré-Copa
O Time do Tas preparou pra você um guia completo com os últimos amistosos antes da bola rolar pra valer na Rússia. Fique de olho! Eles reúnem simulações suficientes pra sentir como deve ser a primeira fase da Copa da Rússia.
Daniel Aloisio e Josuá Barroso para o Time do Tas
*Essa reportagem multimídia faz parte de um conjunto de conteúdos publicados no site especializado em jornalismo esportivo "Torcedores.com" por ocasião da Copa do Mundo Rússia 2018 dentro de uma cobertura intitulada "Time do Tas". Um grupo com 11 jornalistas selecionados entre milhares no Brasil que durante cerca de 4 meses foram comandados por Marcelo Tas, Renan Prates e Lucas Tieppo.
Publicada originalmente em Torcedores.com
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