[Torcedores.com*] Existe sorte de principiante? Saiba qual o histórico de estreantes em finais de Copa

França e Croácia chegaram lá. Sobreviveram a uma Copa do Mundo imprevisível. E com tantos resultados inesperados, é natural que nas finais de Rússia 2018 exista pelo menos um estreante. E é mais normal ainda que os torcedores da Croácia evoquem agora a velha máxima da “sorte de principiante”. Mas isso realmente existe? O Time do Tas foi buscar no histórico de Copa situações em que um estreante se encontrou com um veterano vencedor da competição.

Crédito: FIFA World Cup / Facebook Oficial

[A história mostra ainda quatro coincidências vazias que podem nos levar a palpitar sobre quem pode sair campeão dessa Copa do Mundo.]

Na terceira edição de Copa do Mundo, em 1938, Paris [alerta de coincidência 1!] testemunhou o primeiro encontro entre um campeão do mundo e um estreante em finais. A Itália chegava confiante para sua segunda final consecutiva. Para a estreante Hungria não valeu a história de “sorte de principiante”. Deu a lógica. A partida no Stade Olympique Yves-du-Manoir terminou em 4 a 2 para a Azurra que se tornou bicampeã mundial.

O reencontro de uma seleção estreante com uma campeã do mundo demorou um pouco a voltar a acontecer. Foi em 1950, aqui mesmo no Brasil. Somos parte diretamente interessada nisso. Surgia ali uma ferida de difícil cicatrização para o futebol nacional. Enfrentamos os primeiros campeões da Copa. Os uruguaios não quiseram nem tomar conhecimento desse papo de “sorte de principiante” e menos ainda da eventual vantagem de quem joga em casa: cravaram 2 a 1 no placar. [Alerta de coincidência 2!] A seleção do Uruguai foi a segunda a se tornar bicampeã em cima de um estreante.

O ano era 1966 quando a “sorte de principiante” triunfou pela primeira vez numa Copa do Mundo. A Alemanha Ocidental bem que tentou relembrar o grito de campeã que não vinha desde 1954. Mas os alemães tinham a estreante Inglaterra pelo caminho. O jogo não foi fácil. Pela segunda vez na história, a Copa foi decidida em prorrogação. No tempo normal, seleção campeã e estreante na final empataram em 2 a 2. Mas a Alemanha não administrou a experiência e acabou levando dois gols na prorrogação. Um dos gols, inclusive, guarda uma polêmica histórica. Quando Hurst recebeu um cruzamento na altura da marca de pênalti, virou e deu aquele chute. A bola ricocheteou o travessão e saiu. O “bandeira” validou o gol. Se fosse hoje em dia, a tecnologia do chip na bola não deixaria essa dúvida traumática para a Alemanha. De qualquer maneira, a Inglaterra ainda marcou mais um. Fim de jogo: Inglaterra 4 x 2 Alemanha Ocidental. Sorte de principiante? Pode ser. A Inglaterra jamais voltou a vencer um mundial.

Oito anos depois, em 1974, a Alemanha voltou a receber uma estreante em final de Copa. Pela primeira vez a Holanda chegava lá com a missão de jogar água na cerveja dos donos da casa confiando na “sorte de principiante”. Mas dessa vez, os “alemães e seus canhões” venceram a “guerra” no esporte. Placar terminou em 2 a 1 para a alegria do Estádio Olímpico de Munique. [Alerta de coincidência 3!] A Alemanha é mais uma seleção a se tornar bicampeã em cima de um estreante.

Demorou muitos anos para que houvesse um novo encontro entre seleção vencedora de Copas com um estreante em finais. Até que em 1998, a “sorte de principiante” voltou a prosperar. Logo em cima de quem? De nós brasileiros. A França jogando em casa no Stade de France chegava para a sua primeira final enquanto o Brasil sonhava com o pentacampeonato. Amargamos um 3 a 0 inesquecível. Uma das maiores decepções da nossa história. [Alerta de coincidência 4!] O Brasil perdeu em 98 para a França, que agora na Rússia recebe a estreante Croácia para uma final de Copa do Mundo. Quem já clamou por uma “sorte de principiante” um dia, dessa vez prefere confiar na tradição do futebol.

Uma estreante contra uma experiente vice-campeã
A seleção da Holanda é a maior derrotada em finais de Copa do Mundo na história se considerarmos o aproveitamento zero que os “laranjas” tiveram em todas as oportunidades que chegaram à última partida de uma Copa. A Alemanha foi vice quatro vezes, em compensação venceu outras quatro. Com essa experiência em jogos decisivos de final, a Holanda enfrentou a estreante Espanha na Copa da África em 2010. E mais uma vez a “sorte de principiante” fez alguma diferença já que a Fúria acabou se consagrando campeã em mais uma partida decisiva de Copa na prorrogação: 0 a 0 no tempo normal e 1 a 0 para Espanha no tempo extra.

A gente adora a história e as coincidências que ela produz, mas futebol se decide dentro de campo. Se França ou Croácia dependessem ou precisassem combater a tal “sorte de principiante”, o árbitro argentino Néstor Pitana nem daria início à partida. Que vença a melhor história!


Daniel Aloisio e Josuá Barroso para o Time do Tas
*Essa reportagem multimídia faz parte de um conjunto de conteúdos publicados no site especializado em jornalismo esportivo "Torcedores.com" por ocasião da Copa do Mundo Rússia 2018 dentro de uma cobertura intitulada "Time do Tas". Um grupo com 11 jornalistas selecionados entre milhares no Brasil que durante cerca de 4 meses foram comandados por Marcelo Tas, Renan Prates e Lucas Tieppo.
Publicada originalmente em Torcedores.com

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